Por Samara Teixeira
Em tempos de ostentação exagerada, disseminada por músicas, redes sociais e, até mesmo pela televisão, questionar o real valor das coisas é algo discutível e importante de se debater.
As pessoas passaram a valorizar objetos e acreditar que o poder está diretamente proporcional à conta bancária. No entanto, as experiências estão cada vez mais comprometidas, pois, tudo se torna volúvel diante das mudanças e necessidades impostas pela publicidade e pela rotina.
Segundo Ramy Aramy, co-fundadora do Instituto KV e terapeuta comportamental consciencial, a necessidade de ter coisas para sermos felizes é uma compensação emocional que produz a sensação de felicidade, que provém do prazer de comprar e de obter “coisas” materiais.
“Quando sentimos prazer, naturalmente existe uma informação emitida para o cérebro que reage positivamente produzindo serotonina, que é um neurotransmissor responsável pela alegria e sensação de felicidade. Desta forma, uma das formas de driblar a necessidade de ‘ter coisa’ para sermos felizes, é descobrir novas formas de prazer que nos conduza para a alegria e felicidade”, explica Ramy.
A especialista esclarece questões básicas sobre o tema:
De onde vem esta procura e necessidade sem limites?
As necessidades vêm, normalmente, de situações mal resolvidas ao longo de nossa existência, que por não encontrarmos as soluções para elas, buscamos compensá-las com o que nos dá prazer.
Na maioria das vezes isto não é tão consciente e a pessoa não percebe esta razão camuflada pelo consumo. Nós sempre iremos buscar algum tipo de compensação para preencher a sensação de vazio causado por algum conflito emocional. É uma autoproteção natural.
Como é possível mudar e buscar mais experiências do que coisas?
O autoconhecimento e o trabalho interno são pontos chaves para a transformação desta situação. É muito importante buscar algum tipo de ajuda psicológica que ofereça ferramentas para as transformações dos possíveis conflitos que estão por detrás deste comportamento.
É importante que as pessoas que praticam o consumo como meio de compensação emocional, sejam conscientes dos seus conflitos para mudarem suas crenças e visão de si mesmo e da vida.
Por qual motivo deixamos o impulso por ter coisas nos controlar?
Quando não trabalhamos na transformação de nossos conflitos e principalmente das carências emocionais por eles gerados, podemos desenvolver um comportamento compulsivo por termos coisas e permitirmos que isto controle nossa capacidade de nos conduzir.
A pessoa compulsiva por comprar, por exemplo, manifesta este comportamento como um efeito e não como causa. É um comportamento que começa com uma simples vontade de consumir e que vai crescendo como um hábito aparentemente inofensivo, tomando proporções perigosas chegando a dominar e escravizar.
Você acredita que, quando o equilíbrio é estabelecido, as relações melhoram?
Sempre que o equilíbrio seja ambiental, pessoal ou interpessoal se faz presente, as relações melhoram. O equilíbrio vem de dentro e se expande para fora. Desta forma, as relações profissionais melhoram quando melhora as condições internas das pessoas envolvidas numa rede de comunicação.
A comunicação interpessoal é ainda um desafio para as empresas em geral. Um ambiente interno saudável gera um ambiente externo saudável.
Por que vivemos em constante competição dentro do trabalho? Tem relação com o poder de ter coisas?
O ser humano é competitivo por natureza e também por ser estimulado a isto. Desta forma, a competição dentro do trabalho é resultado desta natureza, mas principalmente da educação, da cultura e do estímulo que geram valores positivos agregados, que validam a competição.
Infelizmente as pessoas são induzidas a serem competitivas e assim, gerarem um alto grau de exigência, de desempenho que conduzem à competitividade para provarem quem é mais competente.