Vazamento de água em países em desenvolvimento desperdiçam água suficiente para suprir as necessidades de 200 milhões de pessoas.
Milhões de Vítimas
"Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 3,5 milhões de pessoas morrem anualmente no planeta em função das consequências da escassez hídrica e da inexistência de infraestrutura para coleta e tratamento de esgoto. A entidade aponta, ainda, que quase 10% das doenças registradas no mundo poderiam ser evitadas se as pessoas tivessem acesso a saneamento básico e água tratada".
Recurso essencial para a sobrevivência e o bem-estar da humanidade, a água está se tornando um bem cada vez mais escasso. No planeta, cerca de 1,2 bilhão de pessoas não têm acesso à água tratada e 1,8 bilhão de habitantes não contam com serviço de saneamento básico.
A situação é agravada pelo mau uso do recurso. Um estudo do Banco Mundial estimou que cerca de 14 bilhões de dólares são perdidos anualmente em função de vazamentos nas redes de abastecimento de água, erros de medição nos hidrômetros e fraudes. O problema atinge, principalmente, os países em desenvolvimento, nos quais o desperdício diário de 45 milhões de metros cúbicos seria suficiente para abastecer os lares de 200 milhões de pessoas.
Manter as tubulações em bom estado e criar mecanismos para evitar o desvio de água são medidas que ajudariam a economizar bilhões de litros em todo o mundo. Em São Paulo, onde o índice de desperdício é de 25,7%, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) tem, desde 2009, um programa para combater o problema. O objetivo é reduzir o índice atual para 19% até o fim desta década.
A empresa começou, no segundo semestre do ano passado, uma ação que visa trocar 840 000 ramais (tubulações que conectam a rede de distribuição ao hidrômetro de cada imóvel), 670 quilômetros de redes e 1,5 milhão de hidrômetros. Por um período de dois anos, a Sabesp também buscará em 155 000 quilômetros de redes, vazamentos hoje invisíveis.
Outra solução prevista para combater o desperdício nas redes de abastecimento é instalar nas tubulações “medidores inteligentes” – equipamentos capazes de quantificar e reportar eventuais vazamentos. A adoção dessa tecnologia eliminou pela metade a perda diária de 700 milhões de litros de água em Mumbai, na Índia, causada por canos quebrados.